Contos do Quotidiano

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

                                                     O cabeça rapada (como eu)

Saí da paragem. Reparei pelo canto do olho, que dois rapazes corriam na minha direcção. Como já estava longe da paragem, achei que a melhor decisão era não parar para apanha-los.
Quando interromperam a corrida, um deles, o de cabeça rapada (como eu) chamou-me “filho da p…..”.
Sinto que foi para mim. Ouvi e doeu. A minha mãe (já com Deus) também não tem a culpa.
Uns metros mais há frente, tive que parar no sinal vermelho.
Reiniciaram a corrida na minha direcção. Chegados á porta da entrada, esperaram, ofegantes. O de cabeça rapada (como eu) ficou um pouco distante, na expectativa.
Abri. O que tinha cabelo lançou-me um “obrigadinho” e desapareceu para o fundo do autocarro. O de cabeça rapada (como eu), agradeceu-me com a voz duvidosa de saber se ouvi o que me doeu.

Disse-lhe: “ Escusas de agradecer, entras porque queres. Abri a porta ao teu amigo, não a ti.”   

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