Contos do Quotidiano

Contos do Quotidiano

sábado, 30 de abril de 2016

Tenho que atravessar o Bairro para chegar ao meu local de trabalho. Percorro com os faróis algumas esquinas onde vislumbro vultos que nas paredes dos edifícios formam sombras humanas. Alguns são velhos, para quem a noite é apenas uma passagem rápida para o dia seguinte. Os mais novos agrupam-se numa roda de fumo onde a beata roda de mão em mão causando um efeito de serenidade. 

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Assisti hoje a uma paisagem estranha na Cidade. Um vazio de pressas. 
Habituado ás tropelias das pressas incessantes dos táxis, hoje não os vi. 
Tive a sorte de não me misturar na fila interminável de protesto que mais tarde causou o caos por onde passaram. 
Os comentários dos passageiros foram no sentido desse sentimento de ausência. 
Pela minha parte, como elemento activo do movimento da Cidade não me senti constrangido com a ausência dos táxis, bem pelo contrário, senti um alivio por falta de guerrear com as manobras destes malabaristas citadinos. 
Um vazio que me aliviou a alma.

Fernando Lima, 2016  

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Entrou chorosa a miuda que não tinha mais que quinze anos. 
Sentou-se no banco da frente. 
Clicava freneticamente nas teclas do telemovel. A discussão virtual era intensa. As expressões faciais denunciavam o estado de espirito. Serenou por momentos. Um toque de aviso de mensagem transformou-lhe o rosto em preocupação. A velocidade com que movia os dedos sobre as teclas denotavam respostas rápidas ao receptor. 
Uma resposta vinda do outro lado iluminou-lhe o rosto num sorriso. 
Levantou-se. Fez o percurso da saída do autocarro sem tirar os olhos do ecrã do telemóvel. 
Sinais dos tempos desta nova era digital. 

Fernando Lima, 2016 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Estou de volta. A tentação da escrita persegue-me apesar do tempo escasso.Tantas são as histórias atribuladas que presencio diariamente. 
Curiosamente hoje foi um dia cheio de nada. Não memorizei uma situação que me levasse a contar algo.....
O facto de andar a reler o "Guerra e Paz" rouba-me um pouco do tempo que tenho para escrever, mas está para breve uma nova história....

Serve este pequeno texto apenas para.....aparecer e dizer que ...estou vivo.